Resenha: O Ladrão de Cisne, de Elizabeth Kostova

07 julho 2011

"Robert Oliver, pintor e professor americano, atacou brutalmente uma tela na National Gallery Of Art, em Washington. O que levaria um artista a destruir tudo que ele valoriza acima de tudo? Confinado no quarto de um hospital psiquiátrico, Oliver guarda um silêncio obstinado, tendo oferecido apenas uma explicação lacônica antes de parar de falar: Fiz isso por ela.
Mas quem seria ela? O psiquiatra Andrew Marlow, pintor nas horas vagas, que se orgulha de sua capacidade de fazer até uma pedra falar, não consegue diálogo com Oliver. Movido a prncípio pela curiosidade profissional, e depois uma determinação que perturba o seu mundo ordenado e meticuloso, o Dr. Marlow embarca numa perseguição pouco convencional.
Em busca das respostas que seu novo e intrigante paciente se recusa a dar, ele investiga o passado por meio das histórias de vida das mulheres que Oliver deixou pra trás, - metódo que confronta a ética profissional.
À medida que cada uma dessas mulheres pinta um quadro de amo, traição e obsessão artística, Marlow fica mais intrigado com as motivações, o comportamento e a mente e um gênio perturbado. Ao juntar os pedaços de uma vida desfeita, o psiquiatra encontra possibilidades surpreendentes num maço de cartas de amor datadas de um século atrás. As vozes de tais cartas logo contam sua história: uma trama de paixões secretas e traições que torna ardentemente vivo o impressionismo francês do Séc. XIX"

***
O Ladrão de Cisne não é o tipo de livro que eu leio. Foi por isso mesmo que eu quis ler, sabe.
Uma leitura diferente, um pouco mais madura. É bom, de vez em quando.
Eu tentei isso algumas vezes, e deu certo. A maioria dos meus livros favoritos foram escolhas fora do meu padrão normal de leitura (Caninos Brancos, Assassinato no Expresso Oriente, e até O Nome do Vento).
Parecia um livro bom, um thriller ou algo assim. Eu queria ler algo mais sério, depois de 48764 livros de comédia.
Nas primeiras páginas, a história veio com tudo.
Nós tínhamos uma figura central misteriosa (Robert Oliver, o pintor maluco), um herói atrás da verdade ( Andrew Marlow, o pior psiquiatra do mundo) e um suspense interessante.
A narrativa era diferente, parecida com outros livros adultos que eu já dei uma olhada - entre eles Trem Noturno Para Lisboa, que até onde eu li é muito bom -  e, prometia no mínimo, uma história satisfatória.
Eu comecei a leitura antes do meu simulado, e sério: se não fosse pela prova, eu não teria largado o livro. Eu estava morrendo de vontade de saber qual era o mistério por trás daquele Robert Oliver, e como Marlow iria resolvê-lo.
O livro vai, e vai, no maior gás, até que a ex-esposa de Oliver começa a narrar. Ela e o Oliver têm uma história de amor muito bonitinha, até que ele começa a ficar distante, e tudo o mais. Ele começa a viver só para pintar, e deixa ela de lado.
Aí começa todo o mistério do livro - quem será a mulher de cachos escuros que Oliver tanto pinta? -, e as revelações começam a se acelerar.
Só que aí o meu encanto já tinha acabado.
Em algum ponto da história, a mania de descrever TUDO da autora já tinha me irritado profundamente. Tudo bem que o quadro é o foco do livro, então ela tem direito de passar uma página INTEIRA descrevendo ele, mas e as outras coisas? A narrativa da autora é "descritiva", então aparentemente isso é desculpa para ficar DOIS PARÁGRAFOS inteiros descrevendo um cabide de luvas da Macy's.
Sério.
Em várias resenhas, eu li que a linguagem de Elizabeth é "rica".
Sinceramente, eu só acho que a linguagem dela é pedante. Eu não estava esperando nenhum Percy Jackson - lógico -, mas tem que ter limite. A mania dela de tratar tudo como se fosse um evento sublime me deixou cansada, e com vontade de largar o livro.
Sem falar que os personagens simplesmente não são reais. Ninguém é pintor 100% do tempo, como eles.
Ninguém come uma maçã pensando nos "gloriosos reflexos vermelho-amarelados, causados por aquele incrível sol de verão".
Eu sei que o livro mostra pessoas obcecadas com a arte, totalmente neuróticas. No limite da sanidade, em outras palavras. Mas alguma coisa na caracterização desses personagens deixou tudo dramático demais, e muito artificial.
Como uma novela com atores ruins. O pior que a personalidade deles foi bem construída, só que as relações deles com o mundo que ficaram meio... inverossímeis. Por exemplo, Marlow é o típico personagem que só serve para narrar, que não cresce muito durante a trama. No começo, ele é até interessante, mas ele acaba soterrado entre as toneladas de drama que a autora despeja sobre o leitor.
Robert passa a maior parte do tempo sendo um Mark Zuckerberg da pintura, seguindo o arquétipo do herói romântico - tudo muito posh, muito petulante. As mulheres dele também me pareceram mal-feitas, só que a Mary bem mais que a Kate.
Mas o verdadeiro calcanhar-de-aquiles da história é o mistério da Béatrice (poxa, a mulher tem o meu nome, nem pra deixar o livro melhor). Toda a obsessão do Oliver me pareceu totalmente falsa - além do do desenlace do livro ter sido apressado, e sem sal.

No final, a autora tinha um argumento ótimo que poderia ter sido melhor desenvolvido: com menos enrolação, e mais ação.

(PS: a única cena que eu realmente gostei foi aquela em que a Kate entra no ateliê do Oliver e vê UM MILHÃO de desenhos da Bèatrice. Tipo, nas paredes, no teto, na mesa. Por algum motivo, me lembrou muito essa cena aqui:
)

PPS: Aparentemente, todo mundo amou esse livro. Tipo, tem até uma página na Infoescola recomendando o livro, e todas as resenhas que eu li, todo mundo disse que adorou. Se você não se importar com o excesso de tudo no livro, e gostar de história da arte, acho que vale pena dar uma olhada.

Um oferecimento da Editora Intrínseca!

4 Coleguinhas comendo bolo^^v:

Natália Puga disse...

Fiz isso com Guerra, era uma leitura que não costumo ler com mta frequência, mas quis sair do mundo YA/paranormal/romance e fiz mto bem!

Tonho disse...

Olá,

COmo é realizada a escolha dos livros a serem resenhados? é que gostei bastante do livro Gabriel Querubim e gostaria de vê-lo resenhado por aqui =)

Bell disse...

Oi, Tonho!
Os livros a serem resenhados são escolhidos... aleatoriamente.
Normalmente são coisas que nos interessam e nós temos aqui em casa. Volta e meia alguma editora manda algum livro para gente!
Mas anotei sua sugestão. ^-^ Quem sabe algum dia você não vê essa resenha por aqui??

Tonho disse...

Olá Bell,

Entendi. É que gostei muito do livro, da forma como trata assuntos relacionados ao pensamento, as relações humanas, utilizando-se de uma história muito instigante e cheia de acontecimentos e queria muito vê-lo por aqui.
Será que não vale um contato com o autor ou coisa assim?

obrigado =)

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